sábado, 27 de dezembro de 1986

País dos anjos

Ontem, com certeza, passei a noite contigo. Acordei novamente com aquela sensação de ter voltado do país dos anjos, e a impressão de que seu rosto estava ali, ao meu lado, vigiando meu despertar.


Letra e música de Flávio Fonseca

domingo, 12 de outubro de 1986

Tanta, tanta

Tanta, tanta, tanta, tanta
Tanta assim
Eu nunca pensei que fosse
Ter em mim
Essa sensação
De alma e coração
Que me faz
Tão
Feliz
Cristo, eu quis paz
Eu, que nada fiz
E tive muito mais
E ainda bis:
Feliz
Demais!
Cristo, eu só quis paz
Tal quase a de Assis
Tal qual dos serviçais
E tive mais
Eu tive
Cris
Cristo, eu quis paz...
E me deste
Tanta, tanta, tanta, tanta
Tanta assim
Que mais do que isso
Só o céu sem fim
Essa imensidão
Essa emoção
Meus olhos
São
Quem diz.


Letra e música de Flávio Fonseca

domingo, 22 de junho de 1986

Dos meus amigos

Teu cabelo anda tão desarrumado
Vi inícios de olheiras em teu rosto
Tenho gosto em te ver menos calado
Ao teu lado, encontrar-te mais disposto.

Valeria repetir-te muitas vezes
Que um beijo une, ordinariamente,
E se é quente, tanto mais se leva meses
Longos meses pra esquecer completamente...

Mas termina-se um dia a espera
E distante de tudo, eu prometo
Nesses tempos acres, te animar

Selo nossa parceria sincera
Doravante é teu este soneto
Quero ouvir-te falar com outro ar.


Letra e música de Flávio Fonseca


Acabei de fazer esta música há uma hora e meia.

Nela me coloco na posição de meus amigos, me dizendo coisas numa fase em que eu estava muito baixo-astral e precisando deles.

Na letra estão escondidos os nomes de oito deles (dez, na verdade) que foram muito importantes nesta fase, por terem dito o que a letra diz, ou simplesmente por estarem por perto. Naturalmente, não deu pra citar todos. Os citados foram (ordem alfabética): Alarcon, Cristiane, Dora, Júnior (o Aroldo e o Ronaldo), Luanda, Marcelo, Valéria (a Fajardo e a Fontenelle) e Vinícius.

Dedico a música a todos os não citados (Simoninha, Ana Maria, Duda, Flôr, Simone Néri, Lilian, Hosana...).

quinta-feira, 19 de junho de 1986

Sobre a dor

Toda dor é combustível
Para voos mais além
E voar é impossível
Com a dor que não se tem

Cada dor é alimento
Fortalece o despertar
Poesia é o aumento
Desse dom de alimentar

Quando dói no fundo o peito
É sinal que se cresceu
O pior já está feito
E no fim há o proveito
Do sustento do Eu

Se chorar é um consolo
Não chorar é bem melhor
Cada ato é um tijolo
E o amor, pedreiro-mor.


Letra e música de Flávio Fonseca
Gravada no CD A Força que Ecoa em Todo Canto, em 16 Mai 1996.
Traduzida para o esperanto por Sylla Chaves, e incluída no livro Brazila Esperanta Parnaso, em 2007.

Em 10 Jun 1996, recebi do meu amigo poeta Márcio Vianna o seguinte fax:

Flávio, somente neste fim-de-semana "enforcado" consegui, realmente, curtir o seu disco. Gostei demais. Parabéns! Gostei da cara nova do que eu já conhecia, e gostei demais do que ainda não conhecia. Adorei especialmente "Sobre a dor". Gostei tanto, que...

Dor sobre dor
(letra de Márcio Vianna sobre música de Flávio Fonseca)

Nossa dor, insuportável,
se vivida em solidão,
pois pior que sofrer juntos
é a dor da separação!

Se somar é condividir,
não somar é diminuir:
reduzir-se a dois nadas
e por zero multiplicar!

Quando não se vê mais jeito
é a hora de apertar
um e um de encontro ao peito
e só assim há o proveito
daquilo que doeu!

Quando dois estão unidos
e em nome d'O Amor,
há a chance d'O Milagre
vir no meio se interpor!...