segunda-feira, 19 de março de 2012

Gravar CD?

Século XXI. Plena transição no modelo de comercialização da música. Mais que isso: transformação do conceito de música, que vai deixando de ser encarada como produto e passa, pouco a pouco, a ser vista como serviço.

Neste cenário, de forma geral não mais se vende discos.

Recentemente um músico que trabalha comigo me perguntou: pra que então vamos gravar?

As respostas são simples. Todas elas.

Gravamos para registrar o que fazemos. É um desperdício gastar horas escrevendo, arranjando, ensaiando, para depois de algumas apresentações abandonar aquele repertório. As gerações futuras vão querer saber o que fizemos, e nós mesmos amanhã também vamos querer.

Gravamos para divulgar. Por mais shows que façamos, nunca será possível ir a todos os lugares. A gravação pode ser colocada na internet, e muito mais gente nos ouve.

E as pessoas podem continuar a nos ouvir em casa, após os concertos.

O formato físico do disco tem sua importância. Para juntar a um projeto, ou enviar para a imprensa, como demonstração do que fazemos. Não um CDR com capinha feita em impressora caseira, mas um objeto industrializado, com uma bela arte gráfica, que impõe credibilidade.

Sim, credibilidade é uma palavra chave. Um artista que tenha vários discos gravados é mais respeitado que um que tenha apenas um, ou nenhum. Por mais currículo que este apresente.

Ah, podemos até fazer a coisa mais inesperada: vender! Sempre tem alguém querendo comprar um CD após um show. Mas isso é apenas lucro, pois o disco tem que ter sido pago antes de ser feito. Alguém quis que ele existisse, para usá-lo como material de marketing institucional. Eis aí mais um motivo: o disco é contrapartida a se oferecer, é veículo de publicidade.

Esta é a nossa missão como artistas: criar e ajudar a criar coisas boas e deixá-las para o mundo.

Ainda há outras respostas a serem dadas, mas agora não dá tempo. Acabei de gravar um disco, está na hora de começar a pensar no próximo...