terça-feira, 11 de dezembro de 1979

Sentimental

Sinto-me sentimental,
Mas não me sinto inspirado
Começo a juntar palavras,
Nenhuma dá sentido
Nem rima consigo por
São várias as conjugações
Misturo minhas ideias
Às vezes me admiro
De ao menos manter a métrica
(Embora bem mal mantida)
E ao fim, quando quase pronto,
Eu penso em mostrá-lo a ti,
O verso parece morto,
Como se fosse pré-fabricado
Não sei como eu completo
Nem sei se ao menos pude
Fazer-te compreender
Que o meu grande objetivo
Quando pus-me a rabiscar
Era dizer-te o quanto amo
Cada passo do teu viver.


Letra e música de Flávio Fonseca

quarta-feira, 1 de agosto de 1979

Luz vazia

Moça, a lua chora a tua ausência,
A falta do calor do teu olhar
Que deixa meu olhar sempre na espera
Do reflexo no espelho do luar.

Moça, em minha vida é tão constante
O hábito de olhar pros raios frágeis
De luz que pouco a pouco vem chegando
Em meus olhos, para os raios, navegáveis.

Moça, tu navegas como balsa,
De manso, sem olhar, porém, pras águas
Que singras e que levam-te ao porto
Onde encontras, e não vês, as minhas mágoas.

Moça, tu resides decidida
Em meio a memórias flutuantes
Que quando condensadas me transmitem
Impressões de ser feliz como era antes.

Moça, eu te peço, e repito,
Não deixes de olhar pra uma lua
Que toda noite nasce e se preza
De um dia ter brilhado por ser tua.


Letra e música de Flávio Fonseca

quinta-feira, 5 de julho de 1979

Sinto-me de um concretismo profundamente subjetivo, e de um romantismo estranhamente complexo.

segunda-feira, 18 de junho de 1979

Rituais

Meu ritual é esse
Que você já cansou-se de ver
E de acompanhar.
É abrir os olhos
Quando chega a manhã e acordo,
E te ver no teto.
É viver fingindo
Que eu sou você e espero
A hora de ver-me.
Ser feliz, que lindo,
É passar cada dia inteiro
Em função de você.

Que ritual é esse
Que você já cansou de viver
Pra se atormentar?
Que te leva sempre,
Quando chega a luz e levanta,
A ser objeto?
E que te faz fraca
A correr como louca na vida
Querendo ser livre?
Liberdade, pra mim,
É poder gritar na prisão
Que eu sou de você.


Letra e música de Flávio Fonseca

quinta-feira, 14 de junho de 1979

Expressamente proibido

Vamos cantar
Que hoje eu estou
Expressamente proibido.
Não vou falar
Tudo o que sei,
Não vou ouvir
O que hoje é
Expressamente proibido.
Mas proibido é aquilo que
Você quiser,
Pois basta você querer
Deixar.

Vamos viver
Que hoje eu estou
Extremamente apaixonado.
Tendo você
Não quero mais,
Não tendo mais
Quero viver
Extremamente apaixonado.
Mas a paixão é aquilo que
Você constrói
Querendo fazer alguém
Feliz.


Letra e música de Flávio Fonseca

sexta-feira, 16 de março de 1979

Trilhas de vão menor

Você que chegou agora,
Me deixe aproximar,
Me deixe ser seu amigo,
E vem, vamos conversar.
Há muito que já lhe sigo,
Há mais que já sei de cor
Seus passos e aventuras
Por trilhas de vão menor.
Os sonhos e fé futura
Que muito lutei pra ter,
Agora eu quero nossos,
Agora dos dois vão ser.
E sempre que eu lhe roço
De leve, no coração,
Eu sinto, é chegada a hora
De mais uma união.


Letra e música de Flávio Fonseca

quinta-feira, 4 de janeiro de 1979

Tentação

A saudade é como praga
Devastando o coração
A saudade é como um prego
Escondendo a emoção
De abrir a porta
Descobrir, desvendar
O que há do lado de lá
Do amor

A saudade é como cisma
Maldizendo uma canção
A saudade é um sofisma
Derretendo a ilusão
De abrir a porta
Encarar, espantar
Com o que há do lado de cá
Do amor

A saudade é como vento
Empurrando a solidão
A saudade é movimento
De veloz recordação
Do abrir a porta
Resistir, mas se entregar
Ao que há do lado de sempre
Do amor

A saudade é mais um prisma
Desviando a atenção
É a vida, o carisma
Confirmando a tentação
De abrir a porta
Transferir, ignorar
O que há do lado de já,
Nem mais um minuto, do amor.


Letra e música de Flávio Fonseca