segunda-feira, 25 de novembro de 1985

Essencial

Nossa essência hoje se apercebeu
De que quando dorme, o corpo é feito pedra;
Tudo é novo reinício após a queda
E a luz do que se faz nem se acendeu...

Quando sonha, sempre viva, nossa essência,
É vibrante como um lindo vegetal,
Que já sabe com certeza o ritual
De no claro saciar sua carência.

E o amor se manifesta essencialmente
Quando o ser, feito animal que ora ousa,
Ora dá-se por vencido e repousa,
Já se agita e é quase adolescente.

Mas é quando a essência acorda mais
E repara no outro céu que há na vida,
Que ela prova a alegria de ser tida
Como humana e verdadeira mãe da paz!

domingo, 3 de novembro de 1985

Labirinto

Se eu te amo, meu amor é tranquilo;
Se eu choro, o meu pranto é bonito;
Se eu falo, o que digo é aquilo
Que se esprai dentro do infinito.

Se é saudade o que mexe comigo,
Te rever não altera o que sinto,
Pois o tempo eterno é exíguo
Pra me achar nesse teu labirinto.

O pesar do silêncio é tanto,
Que a dor já é quase antiga.
Se é divino o que anima o meu canto,
Não me conte, pra que ele prossiga.

Esse abraço que a vida merece
É o que acende e mantém minha infância,
Que, em suma, é o que tem importância,
Pela qual esse som permanece.


Letra e música de Flávio Fonseca

terça-feira, 10 de setembro de 1985

Cristalina

Purpurina sob a luz do sol
Anilina doce num bombom
Pequenina lua de cristal
Tua sina canta mais que o som

Tão menina como a floração
Alcalina pilha de amor
Feminina sopro sensual
Qual usina plena de calor

Na retina sonhos de voar
Repentina sede de crescer
Janaína em um lago azul
Cristalina chama bem-querer.


Letra e música de Flávio Fonseca

quinta-feira, 6 de junho de 1985

Dia de luar (adendo)

Sonho, livra este teu filho
De sonhar só sonho vão
Outro túnel, mundo que não vem
Luz inútil na escuridão
Pois
O que vale é como despertar


Estrofe para ser acrescentada à música Dia de luar

domingo, 28 de abril de 1985

Dia de luar

Lua, leva este teu filho
Ao degrau que vem depois
E o que vem depois desse degrau
Não importa, basta um sinal
Pois
Nem tu mesma mostra-se demais

Anjo, lava este teu filho
Que é dever continuar
Passo a passo, dia de luar
Confiando sempre no final
Pois
O que vem de ti assim será


Letra e música de Flávio Fonseca & Ulisses Foggetti

quinta-feira, 4 de abril de 1985

Bom dia

Nasce o dia e eu te vejo acordar
Um sorriso abre a porta para o sol
O olhar vai respirar a a luz
O abraço diz: - Bom dia!
Eu te amo e vou misturar
Sol e luz e cores sem desafinar.

Cresce o dia e eu te vejo ao redor
Nossa alma agora é dona da manhã
O calor desfaz a pressa em nós
O cansaço é magia.
Disso tudo o que sei melhor
É que a paz nos deixa tintos de suor.


Letra e música de Flávio Fonseca & Janaína Rocha

quarta-feira, 20 de fevereiro de 1985

Roçar de voz

Um carinho bom
Nesse roçar de voz...
Cor de céu sem fim,
Por onde sei andar...
Folha que o vento afaga e leva,
Vem flutuando vivaz e força
Esse escudo fugaz em que tento esconder
Qualquer vontade que eu possa ter
De sempre ouvir soar a voz.

Se é tom maior,
Balança a sensação,
Faz-me viajar
Por dentro desse som;
Se é menor, todo tom alisa
A emoção que então desperta;
Mas sempre o canto parece em tom pôr de sol
E a razão, que já foi bemol,
Quer apenas ser mais uma voz.


Letra de Flávio Fonseca & Janaína Rocha
Música de Flávio Fonseca

sexta-feira, 8 de fevereiro de 1985

Naturalmente

Artificial não tem lugar,
Porque afinal somos assim:
Se dificultar não é normal,
Esse gesto quer se transmudar
E ter fim, desfalsificar,
Que o tempo é cadente,
Urgente,
Pede para sermos naturais
E muito mais,
Com amor, lucidez,
Mansidão, sensatez,
Que o tempo é sereno,
Ao menos
Deixa que sejamos sempre mais
Que naturais,
Por amor, lucidez,
Mansidão, sensatez.


Letra de Flávio Fonseca & Ulisses Foggetti
Música de Flávio Fonseca