sábado, 9 de outubro de 2010

Espiritualidade na ficção científica brasileira

Que o cinema nacional tem passado por uma fase espiritualista todo mundo já notou.

Mas isso me fez pensar numa coisa: todos os livros de ficção científica brasileira que já caíram nas minhas mãos tinham algo mais além da aventura e das conjecturas científicas. Pode não ser regra geral, estou falando apenas do que li, mas mesmo assim é intrigante.

Lembro-me vividamente de um volume de contos que li na adolescência, de uma autora chamada Zora Seljam. O nome do livro já me fugiu, mas cheguei a trocar alguma correspondência com a escritora - naquela época, por carta. Conheci-a pessoalmente numa noite de autógrafos, em Brasília, mas ela residia, se não me engano, nos EUA. E aquele livro me abriu a porta para um gênero "fusion". Ficção científica? Poesia em prosa? Poderia dizer que Ray Bradbury também tem um tom poético, mas sem a brasilidade de Zora.

Depois, lembro de ter lido um romance no qual o protagonista ficava congelado por alguns séculos e finalmente acordava em uma sociedade moralmente mais evoluída. Infelizmente, deste não lembro nem o título nem o autor. Marcou-me apenas que foi indicado pelo meu tio Nelson Pereira de Souza, pois na tal sociedade futura todos falavam esperanto.

E atualmente estou lendo O Espaço Inexplorado, de Ricardo Guilherme. É uma trilogia agora publicada em um só volume. Muito interessante, num ritmo de contador de histórias, sem muitos desvios para descrição de ambientes ou personagens. A filosofia intrínseca vai brotando com naturalidade, sem proselitismo ou pieguice. Alguns leitores materialistas podem até discordar das crenças usadas como pano de fundo, achá-las ingênuas, mas a trama, ágil, é bem escrita. Pode não se comparar aos grandes mestres da FC, como Isaac Asimov ou Arthur Clarke, mas estou gostando bastante de ler. Ah, e tem também uma menção ao esperanto...


Adendo em 12/10/2010:

Depois que postei o texto acima, fiz uma rápida pesquisa na rede e descobri que o livro da Zora Seljam que me marcou chama-se Contos do Amanhã; e que ela faleceu em abril de 2006...

Onde ela estiver, que receba minha gratidão pela influência benéfica no meu gosto por literatura, e por assim ter de alguma maneira participado da formação da minha personalidade ainda adolescente.

Um comentário:

Unknown disse...

Li a trilogia o ano passado e fiquei encantada por perceber a espiritualidade que emana da história, principalmente no volume I. A história contada pela trilogia é sensível e portadora de inúmeras mensagens aos leitores. Parabéns ao autor.

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